quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Poeminha pra peter pans de pedra

Ah, esses meninos que teimam
em colecionar pedras nada preciosas,
emparedam-se vivos, montando uma coleção
que vai pra museu nenhum.
Ah, se essa rua fosse minha eu mandava
arrancar, lavar, e banir
essas pedrinhas das suas mentes brilhantes.
E depois ia brincar com eles,
que nem me aguentam
tão feliz e saudável
e me deixam assim
a ver navios afundados
em latas de coca-cola.

des-espera

Há esta menina que te espera impaciente.
Enquanto vives sonetos de incômodos
nos lugares feitos para desobstruir
o que teus atalhos bloquearam.
Há esta menina que se fez mulher no aguardo da cura e,
Pénelope,teceu em livro trapos poéticos a ti confiados.
Há eu, essa em fêmea feita que monta um quebra-cabeça
de"sem-falta amanhã" e "daqui dois dias"-equivalentes peças.
Há essa represa-mulher enlouquecendo por abrir comportas
e permitir inundações.
Mas "água o amor não é".
Então estanca, segura o intangível líquido em fuga.
Pra que tudo isso termine-nunca em amor
não em copo d`água.

o arco e a flecha

Amo o que está longe,
e também e mais intensamente
o que de mim se afasta lentamente.

Amo o horizonte onde nunca
Acerto a flecha.
Amo o disparo e o caminhar para ele.
Muito mais que a meta.

Amo a corrida, amo nunca chegar.
O desejo que se desfaz
Em outro mais distante
Quando atingido, amo.

Amo queimar meu navios
Quando chego ao cais.
Amo isso tudo
e sempre mais.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Arte urbana 1 - lambe de peixes num mar magenta




Pesca-me sem anzol
Numa trama de vinho vio-lenta.
Toda mergulho – da urbe
Pro mar de dentro.
Eu que vinha volto
pra ver o mar revolto
Dos peixes que fisgam o olhar.

versinho de caderno

Quando gosto de alguém à beça
Acho difícil saber onde termino
E a outra pessoa começa