quinta-feira, 12 de março de 2009

Aqui, num canto de mim,
arranha a garganta
um invísivel pigarro queixoso.

O casulo do amor doído
pra virar borboletinha
de esvoaçante apaixonado,
espevitadas asas.
Uma cadela sempre a correr
uma incontida alegria.

Viajaríamos pra o centro de todas as mesas
em busca de desfamiliarizar o jantar.

Tu e teu insono:
navio naufragado na
imensidão noturno marítima.
Esfrego os pés no sono e
abre-se uma ferida na noite
quando tuas pálpebras se içam.
Um dia cresci.
Havia uma casa como um sapato de número menor.
Ficou lá, encontrável no mesmo ponto cardeal em que me desencontraria se ficasse.
Um dia cresci como crescem em mim esses peixinhos dourados,esses versos alheios, esses olhos de louça, esses retalhos de sonhos ruços.
Houve uma jornada, um pé ante pé e outro telhado.
Um número maior, o exato.
Um dia cresci.
De dentro pra dentro fiquei maior.
Ser pequena doía, igual como doí agora ser imensa de mim.
Como a dor desse mundo imenso
que me desobedece.