Élégie à Port-au-Prince
de Lu Cañete & Rodrigo Madeira
Ai de ti, Haiti.
Cada dia escuto,quando inspiro,
o expirar anônimo dos que restam
sobre o mosaico da destruição,
fora de si.
Vejo rostos que nunca vi,
encrustados nos destroços,
existindo "jusqu´au moment"
de dar pedra e aço ao osso.
Quase ouço, contra um caco de parede
e logo
silêncio, silêncio... o partir do osso que se ouve e não.
Simultâneos cessares de inspiração.
Um coro:de paradas cardíacas.
Sincronizados em pontos vários,
como estrelas inconscientes de qualquer galáxia,
que, em orquestral desfecho
e por antigenisíaco sopro, apagam-se.
- um desmilagre?
Ai de ti, Haiti.
Ai também de mim que sei de ti,
mas continuo, soterrada no que sou,
(como se de outro terremoto, dentro,
sem escala que meça, o epicentro
fosse aqui.)