Agora há esse trem de hora em hora
Que circula a cama encaixada na janela de quina
E me recorda que a vida está, como seu apito,
Escandalosamente acontecendo a todo o ínfimo piscar
De sonhos.
Escancarada como a janela por onde vento, barulho e luar
Invadem dessonos e penetrações noturnas.
Um trem, não de viagem incerta, mas de carga.
Esse comboio de cotidiano -
Arroz-feijã-arroz-feijão-arroz-feijão –
O que carregará?
Atropelando a possibilidade precária
De descarrilar os dias envagonados
em nosso amorável trilho.
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