segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Isla Negra

As ondas do mar tramam
uma rede que nada pesca.

Tecem e
destecem,
Retecem,
tecem
a efêmera renda
que de alvura
tudo cobre,
nada segura.

Toda sobre,
por invisível mão
lançada.

Língua de rendada água,
que lambe o sal e não se salga
ou de Sísifo uma lembrança,
a agarrar o que eternamente lhe escapa?

Tessitura incessante, insone
que se faz e refaz,
toda uma, a mesma
sempre e nunca.

Envolve e não retém
o que pra
sempre vem
e
sempre vai.

Um comentário:

Anônimo disse...

este poema está lindo, lindo.
lembro quando a gente olhava o mar "desde la casa de neruda", e você esboçou os primeiros fios desta renda...