domingo, 7 de agosto de 2011

Quero #2

Quero ser serralheira,
como esse da serralheria
no caminho ao trabalho.
Um serralheiro acorda:
serralheiro.
Um serralheiro dorme:
serralheiro.
E, se o telefone toca na casa-serralheria,
ele atende:
- Serralheiro.

Mas esta que escreve:
dorme uma coisa,
acorda outra.
Trabalha no banco,
dá aulas
de uma língua estranha,
para que as pessoas
falem com gente
que não conhecem.
Escova os dentes: namorada.
Entrou no ônibus: passageira.
Passou da catraca: maestrita.
Tem reunião às 4pm: treinadora.
Casa da mãe: filha.
Hoje é dia dos pais: orfã.

Enquanto isso,
o serralheiro:
serralheiro.

3 comentários:

Anônimo disse...

é assim mesmo!

nada como uma profissão definida! se não parece mesmo é malabarista!

lindo poema!

rp

rodrigo madeira disse...

maravilhoso, lu! puxa!
deste eu só conhecia o argumento, não os versos. que poema ótimo!

madeira

Gustavot disse...

Malabarista me creio eu neste blog, onde um dia entrei pedra e ora saio pássaro...

Um beijo, Lu!
Gustavot