terça-feira, 1 de março de 2011

Há cem anos

É mais fácil ser mulher hoje, do que há cem anos. Já se pode ter o que Virginia reclamava: um teto só seu e quinhetas libras ao ano. É mais fácil ser mulher hoje, do que há cem anos. Orfãs, não-casadas, com irmãos ou sem
podemos existir hoje e não há cem. Se escrevo, já não sou mais como um cão tentando atuar. É mais fácil ser mulher hoje, do que há cem anos. Há coisas inventadas por mulheres, há empresas dirigidas por mulheres. E femininas jogadoras de futebol e condutoras de ônibus. É sem dúvida , mais fácil ser mulher hoje do que há cem anos. Mesmo no Irã, sob o véu do Islã, há algo mais macio. Um útero já não pesa nem produz como há um século.
Um homem já não se impõe como há dez décadas. E ainda que doa a liberdade, é mais fácil hoje do que há cem anos. Subimos montanhas, ganhamos o Nobel, cruzamos oceanos. Ainda não pisamos na lua, mas nos desdobramos, desdobráveis que somos, muito mais do que se imaginava há cem anos.

E por fim, com certo gosto, podemos revidar:
- É mais fácil pra um homem existir hoje
ou há cem anos?

Um comentário:

rodrigo madeira disse...

não sei se hoje é mais fácil ou difícil ser homem. mas, fácil ou difícil, é sempre melhor quando se tem uma mulher ao lado.

gostei do texto, lu.
beijo