Eufeminista 
   
  Ele perguntou grave:
  - Você é feminista?
  Assim olhos de fundo de mar.
  Ao que revelou suave:
   
  Quero viver a minha uteralidade.
  Ser esse caminhar ritmo inconstante como sendo o natural.
  Viver o rir                   gargalhar                                         gritar          da  instabilidade policística. 
                chorar                                chorar                    calar  
          
  Sem imposta retidão hormonal.
  Sem eixo x/y do cartesiano masculino.
  O sentimento desobstruindo lógicas de estampa de gravata.
  Chego ao endereço sem mapa, porque nasci com a bússola por dentro.
  Deixa eu domar cabelos e emoldurar sorrisos em troca da tua cara de
  satisfação na porta.
  Quero mergulhar água de ervas e te esperar desmaiada em besteiras românticas.
  Deixa eu falar voz de menos de um grama, assim leve 
  quase sussurro sempre.
  Permita-me, com gentileza, mais alvura, menos peso, menos músculos.
  Chorar sozinha na janela enquanto me faço em bolo de teu preferimento.
  Deixa eu ler Adélia Prado e a igualdade dos sexos abandonando-me.
   
   
  - desabafou peso de mundo lastimando ovários.