Uma flor amarela, uma garrafa de vinho e uma canção, toda feita por um menino tranbordante de vergonha, trêmulo e mais amarelo que as orquídeas.
Nada sobrou, morreram as flores, nunca consegui cultivá-las. As minhas , como os amores, são de estação, florescem na primavera e morrem no inverno. Mas as marcas sim, como aquelas que levam os bois.
Esses três presentes foram a eucarisitia de um amor, e na memória ressuscito o menino redentor que um dia , numa ilha, me pescou da tristeza e me pôs de novo num mundo de coisas vivas, pulsando mais que meu coração.
Como que começo a puxar um fio, que vem longo e logo arrasta a ponta e mais o corpo de uma enorme rede de recordações como essa.
Uma mão me puxando pra trás de uma coluna num porão, numa terça e fazendo promessas de um amor que se cumpriria entre versos e vícios.
E também a espera numa rodoviaria, quando já nem mais passagens restavam, quando já a barca cheia sem ele, mas eis que surgiu.
Uma rede com tantos peixes meio-mortos meio-vivos, peixes-paixões que devolvo ao mar. Uns voltam, outros encalham na areia e se afogam de ar, uns nadam tão longe que provelmente nunca. Outros mordiscam meus pés de tempos em tempo, há ainda uns que teimam em ficar presos por uma nadadeira ou rabo, por mais forte que sejam as sacudidas.
Mas algo do trio flor-vinho-canção persisite em mim. Como sonho de coisas que sabemos e não, de certeza que ignoramos por amor ao mistério. Persiste, mais vivo que a manhã de hoje. Um som de sina, quase inaudível emana deles e talha meu peito a ponto de agudo sobre os tímpanos.
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